22 de janeiro de 2009

Confusões

Naquela noite chuvosa de uma estranha terça-feira, parando diante das vitrines repletas de coisas inúteis para ele naquele (e sempre) momento, olhou como se distante dali as luzes que eram emitidas pelas promoções diárias.
Estava pensando muito essa noite, estava achando demais que coisas ocorriam estranhamente, as parcas teciam novos destinos para ele.

Acendeu um cigarro logo após parar por um instante olhando a sua volta, como se a procurasse. Andando entre tragos, tropeços e pensamentos embaralhados (como queria um trago de uísque), achou um local recluso, onde poderia sentar-se observando as pessoas apressadas para seus compromissos (ou talvez fingindo terem compromissos) que passavam.

Velhas Parcas teciam freneticamente e ele sabia disso, sentia isso, estava vivendo milésimos de segundos sem trégua, sem pausas. Precisava descansar.

Pensando em seus últimos dias, estranhou como as mudanças eram tão contínuas, Láquesis deveria estar lhe pregando peças, definindo caminhos tristes e sombrios para ele.

Manteve-se ali até a rua estar quase que vazia, se perguntava o porquê disso, porque haveria de se envolver assim tão fácil e tão fácil abdicar de tudo por algo tão efêmero.

Inflou os pulmões e puxou com toda força aquele último (e tão doce) vestígio de tabaco que queimava em seu cigarro. Sentiu um bem-estar momentâneo e segurou o ar alguns segundos mais que o normal, soltou o ar pouco a pouco, estranhamente ébrio e resolveu continuar seu caminho para casa.

Naquela noite, ao deitar-se, desejou um escorregão, desejou um desajuste... desejou que Átropos cortasse o fio.

3 comentários:

Anônimo disse...

[comentário que sempre faço para você quando está nesses momentos frescos aqui]

Eu já disse o que achei, e larga de ser medroso, você sabe que escreve bem.

=**

Anônimo disse...

eitaaaaa garoto que sabe escrever beeeeeeeeeem, gente com criatividade é outro nivel né, parabéns

Elsa Villon disse...

Eu odeio as Parcas...

Aquelas velhas nojentas, invejosas e asquerosas... cruéis tecedoras do destino.