29 de outubro de 2009

Desvontades

Não tenho mais vontade de escrever desde que esqueci você.

Não tenho mais vontade de você desde que esqueci escrever.

Aprendi a 'mentira-poética' agora :)

7 de agosto de 2009

Ode à...

Naquela noite sem muitas esperanças, noite onde qualquer acontecimento seria para esquecer depois de poucas horas, depois de uma noite de sono. Que não se lembraria mais no modesto café da manhã... se não fosse por ela, bela Helena...

27 de janeiro de 2009

Madrugada

Na madrugada louca obsessão
na madrugada,
buscas sem perdão.

Inóspita procura,
insana-ação

Na madrugada,
piração.

22 de janeiro de 2009

Confusões

Naquela noite chuvosa de uma estranha terça-feira, parando diante das vitrines repletas de coisas inúteis para ele naquele (e sempre) momento, olhou como se distante dali as luzes que eram emitidas pelas promoções diárias.
Estava pensando muito essa noite, estava achando demais que coisas ocorriam estranhamente, as parcas teciam novos destinos para ele.

Acendeu um cigarro logo após parar por um instante olhando a sua volta, como se a procurasse. Andando entre tragos, tropeços e pensamentos embaralhados (como queria um trago de uísque), achou um local recluso, onde poderia sentar-se observando as pessoas apressadas para seus compromissos (ou talvez fingindo terem compromissos) que passavam.

Velhas Parcas teciam freneticamente e ele sabia disso, sentia isso, estava vivendo milésimos de segundos sem trégua, sem pausas. Precisava descansar.

Pensando em seus últimos dias, estranhou como as mudanças eram tão contínuas, Láquesis deveria estar lhe pregando peças, definindo caminhos tristes e sombrios para ele.

Manteve-se ali até a rua estar quase que vazia, se perguntava o porquê disso, porque haveria de se envolver assim tão fácil e tão fácil abdicar de tudo por algo tão efêmero.

Inflou os pulmões e puxou com toda força aquele último (e tão doce) vestígio de tabaco que queimava em seu cigarro. Sentiu um bem-estar momentâneo e segurou o ar alguns segundos mais que o normal, soltou o ar pouco a pouco, estranhamente ébrio e resolveu continuar seu caminho para casa.

Naquela noite, ao deitar-se, desejou um escorregão, desejou um desajuste... desejou que Átropos cortasse o fio.

20 de janeiro de 2009

Tu buscas

Tu me procuras na madrugada,
em vão me procuras em locais irreais.

Procura-me aqui, tu,
procura-me onde me achas,
procura-me em teus braços,
em teus laços, teus amassos.

Procura-me em você.

18 de janeiro de 2009

Uma Temporada

A chegada foi esperada com grande entusiasmo por ele, ela estava graciosa, mas sempre com aquele olhar sério, distante, como se houvesse algo grandioso a se pensar e que ocorreria em breve. E havia.

Nestes tempos em que ela passou em sua casa, houve pouco diálogo, apenas o essencial da convivência de duas pessoas que dividem a mesma cama. Foram cinco rápidas semanas em que o sexo era o que os aproximava.

Ela se foi num fim de tarde, sem dizer nada. Levantou da cama enrolada no lençol, o pôr-do-sol entrava pela janela do apartamento, dirigiu-se até o banheiro e ligou o chuveiro. Ele, sentado na cama, ouvia os movimentos do seu corpo nu sob a água fria. Viu-a trocar-se, juntar suas peças de roupas dentro de sua única mala, abrir a porta e sair, sem olhar para trás.

Ele não teve reação alguma, não foi procurá-la pelas ruas naquela noite. Manteve-se imóvel, olhando o nada como que esperando algo mais daquela seqüência de atos dela.

No 38º dia desde quando tudo começou, já não havia sinais pelo quarto, o cheiro doce que ela tinha havia sumido de seu corpo.

Tudo pareceu um sonho longo e não tão bonito como sonhos costumam ser, mas ele ainda se lembrava com saudade de tudo o que ocorrera, e ela há apenas 7 km dali, dava um trago em seu último cigarro, com aquele seu olhar, aquele seu inútil fixo olhar ao nada.

16 de dezembro de 2008

Máquina Do Mundo

E a fantástica máquina se move mais uma vez.

As órbitas se alinham,
alinhamos-nos, eu e você.

A máquina do mundo trabalha a todo segundo,
Hindus, Turcos,
Mouros, Incas em Cuzco.

A todos parece,
em todos perece.

Alinhados partimos,
seguimos,
pedimos,
sumimos...

Um novo clarão,
eclipse não há,
alinhados, nós, manter-se-á?

14 de dezembro de 2008

E se?

E se meus olhos falhassem?
Minha mente hibernasse?
Meus sentidos migrassem?
Meu organismo cansasse?

Será que haveria
certa nostalgia
do que antes eu tinha?

Ou será que somente,
haveria uma descrente e sorridente
alegria de, ausente,
não sentir falta de niente¹?


¹ niente (do vocabulário italiano): sm o nada. adj nenhum; nada de. pron nada; de jeito nehum.

9 de dezembro de 2008

O Seu Olhar

O seu olhar me queima,
assim como o sol queima num dia de verão.
Aquele sol sem proteção,
sem camada de ozônio,
que destrói a pele,
envelhece,
arde mas acaba com a noite
e com o fechar dos olhos.

O seu olhar faz falta quando não vem,
desespera-me quando lhe convém.
O seu olhar não pára,
dispara o meu...

4 de dezembro de 2008

Inquietude Opus

Observando os fatos
me desacato,
não relaxo,
me mato.

Não deixo os acasos,
nem os casos,
me agarro nos meus casos.
Desespero e maltrato
os relapsos
do meu vasto espaço

No amanhecer casto,
me mato
me mato,
meu tato em você
me mato.
Inquietude de viver.